Neste post, colocarei alguns depoimentos de sobreviventes da segunda
guerra mundial, entre soldados e pessoas que fugiram devido serem
perseguidas e ate mesmo de sobreviventes que presenciaram e foram
submetidos as torturas ocorridas em campos de concentração.Nunca é fácil
falar sobre isso, pois é como se tirassem a casca de cima de um
machucado quase curado, muitas vidas foram mortas durante esses anos e
não importa quanto tempo passe e nos distancie deles a humanidade nunca
os esquecerão, são relatos tenebrosos, que nos choca em primeiro momento
e ao terminarmos de ler nos perguntamos como é possivel um ser humano
ser tão cruel e "sangue frio":
"Secam as fontes e os rios, ardem as searas e a nossa casa e as
árvores nuas amaldiçoam o céu, sem sabermos porquê. Morrem os
jovens antes de se amarem e os poetas com os poemas inacabados e as
crianças olhando espantadas para o céu, sem saberem porquê. Um
vento noturno deixou insepultos ventres e seios e desejos de
maternidade nunca realizados, e secou risos e cantares subindo para o
céu, sem sabermos porquê. Andam as guerras pelo mundo: somente
possuímos uma voz, uma voz e essa voz não se calará e nós sabemos
porquê! "
-Tomaz Kim, Campo de Batalha
"No momento em que se abriu a última vala, reconheci toda a minha
família. Mamãe e minhas irmãs. Três irmãs com seus filhos. Elas estavam
todas lá. (...) Quanto mais se cavava para o fundo, mais os corpos
estavam achatados, era praticamente uma pasta achatada. Quando se
tentava segurar o corpo, ele esfarelava completamente, era impossível
pegá-lo. Quando nos forçaram a abrir as valas, proibiram-nos de utilizar
instrumentos, disseram-nos:É preciso que se habituem a isso; trabalhem
com as mãos (...) Os alemães haviam até acrescentado que era proibido
empregar a palavra morte ou a palavra vítima, porque aquilo era
exatamente como um cepo de madeira, aquilo não tinha absolutamente
nenhuma importância, não era nada.
- Motke Zaidl e Itzhak Dugin, sobreviventes dos campos nazistas
"No interior do vagão, ficavam tão apertados que talvez nem sentissem
frio. E no verão sufocavam, porque fazia muito, muito calor. Então os
prisioneiros tinham muita sede, tentavam sair. (...) E algumas vezes
faziam de propósito, muito simplesmente saiam, sentavam-se no chão, e os
guardas chegavam e lhes davam um tiro na cabeça. (...) Uma vez os
judeus pediram água, um ucraniano que passava proibiu de dar água. Então
a prisioneira que pedia água jogou-lhe na cabeça a panela que segurava,
então o ucraniano recuou um pouco, dez metros talvez, e começou a
atirar no vagão, a esmo. Então aqui ficou cheio de sangue e de miolos."
-Franz Suchomel, SS Unterscharführer
"Em Treblinka nessa época funcionava a plena força. Estávamos então
começando a esvaziar o "gueto" de Varsóvia. Em dois dias, chegaram cerca
de três trens (...) Chegaram a Treblinka cinco mil judeus, e entre eles
havia três mil mortos (...) Eles haviam aberto as veias, ou estavam
mortos, assim... Descarregamos semimortos e semiloucos. (...) Nós os
amontoamos aqui, aqui e aqui. Era milhares de humanos empilhados uns
sobre os outros. Empilhados como madeira. Mas também outros judeus,
vivos, esperavam ali há dois dias, pois as pequenas câmaras de gás já
não eram suficientes. Funcionavam dia e noite, naquele tempo."
- Simon Srebnik, soldado
alemão
"Lembro-me de uma vez, eles ainda viviam, os fornos já estavam cheios, e
eles ficaram no chão. Todos se moviam, voltavam a si, aqueles vivos... E
quando eles os jogaram aqui nos fornos, todos estavam reanimados: foram
queimados vivos (...) Quando vi tudo aquilo, aquilo não me tocou. Só
tinha treze anos, e tudo o que havia visto até ali eram mortos,
cadáveres. Jamais havia visto nada de diferente. (...) Eu pensava: deve
ser assim, é normal, é assim. (...) As pessoas tinham fome. caiam,
caiam... O filho tomava o pão do pai, o pai o pão do filho, todos
queriam permanecer vivos (...) Pensava também: Se sobreviver, só desejo
uma coisa: que me dêem cinco pães. Para comer... Nada mais."
- Filip Müller - sobrevivente das cinco liquidações do "comando especial" de Auschwitz.
Postado por: Alice Silva
http://horroresda2guerra.blogspot.com.br/2011/05/depoimentos-de-sobreviventes.html
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